Valdemar, Ciro, Lira, Davi e Kassab: o centrão acordou?

Os bolsonaristas paralisaram o Congresso. Os bolsonaristas conseguiram um tarifaço do Trump contra o Brasil. Os bolsonaristas conseguiram sanções americanas contra um ministro supremo. Os bolsonaristas ameaçam sanções americanas contra os presidentes da Câmara e do Senado. Sabe quem reagiu? O centrão, BRASEW. Valdemar, Ciro, Arthur, Davi e Kassab saíram da toca. Quer ver? Vamos por ordem alfabética invertida.
Valdemar
O colunista Igor Gadelha, do Metrópoles, relatou que Valdemar Costa Neto (o dono do PL, que é o partido que abriga hoje Bolsonaro) não concordou com a paralisação promovida pelos bolsonaristas. O fato levou Dudu Bolsonaro a fazer correr a notícia de que se prepara para desembarcar do PL, como noticiou hoje a Bela Megale, de O Globo.
Dudu acha que Valdemar está fazendo jogo duplo. Diz uma coisa e faz outra. Ninguém ficou muito feliz com a primeira reação de Valdemar à prisão de Bolsonaro. Acharam simplória demais a reação, que foi: “Estou inconformado! O que mais posso dizer?”
Uma coisa é certa: quem manda no PL é Valdemar. E o PL, apesar de estar de chamego com o bolsonarismo há um tempo, é centrão desde criancinha.
Kassab
Gilberto Kassab manda no PSD, outro partido do centrão. Kassab é secretário de Tarcísio —sim, o Tarcísio governador de São Paulo que se acha o Thor. Aí, esta semana, como quem não quer nada, deu uma entrevista para a newsletter do Thiago Prado, em O Globo. Lá pelas tantas, Kassab deu o recado: “Só acho que nem teve o julgamento do Supremo Tribunal Federal ainda para sabermos que modulações e qual a abrangência um projeto desses poderia ter.”
Ele ainda contou que esteve com Lula nesta semana e que, apesar de ver o presidente animado com a reeleição, ainda segue com sua intuição: a de que o partido está em busca de uma opção diferente, de renovação. “As pessoas estão tristes com essa polarização e com esses xingamentos.”.
E não perdeu também a oportunidade de pavimentar o caminho do Supremo para Rodrigo Pacheco. Ao ser perguntado se Pacheco seria candidato a governador, não teve dúvidas em lembrar que Barroso anda dizendo que pode sair logo do Supremo e que seria a chance de Pacheco.
Davi
Alcolumbre, a estrelinha mais alta e brilhante do Senado, viu sua Casa ser paralisada, mas manteve as rédeas —inclusive deixando todo mundo impune. Davi é mais um belo exemplar do centrão. Seu partido é o União Brasil, mas seu poder se estende pelo Planalto. Ele foi mais um que garantiu: não vai ter impeachment do Xandão (nem se todos os senadores assinarem o pedido para abrir o processo de impeachment). Além da anistia, essa era outra pauta imposta pelos bolsonaristas que paralisaram o Congresso nesta semana.
O ilustre presidente do Senado também anda de boas com o Palácio do Planalto. Hoje, Lula vetou 63 pontos do projeto da lei de licenciamento ambiental que, de tão devastadora, ficou conhecida como Lei da Devastação. Lula tenta segurar, assim, a boiada e fazer um agrado à Marina (mas o Congresso sempre pode derrubar os vetos).
Mas teve um ponto em especial que Lula não vetou: a licença ambiental especial. É uma licença acelerada para grandes projetos estratégicos e, adivinha quem botou isso na lei? Sim, ele, Davi Alcolumbre. E por quê? Para tentar emplacar de vez o projeto de exploração de petróleo da Foz do Amazonas. E Lula ainda fez um agrado extra ao Alcolumbre: resolveu editar uma medida provisória para que o tal licenciamento fast track entre em vigor imediatamente e não precise esperar mais seis meses.
Ciro
Não, não se trata aqui do Cirão das Massas. Este Ciro é o Ciro Nogueira, senador, ex-ministro de Bolsonaro, amigo do tigrinho, cacique do PP. O PP é mais um partido do centrão que está de chamego com o bolsonarismo. E Ciro Nogueira surpreendeu os bolsonaristas ao dizer, nesta semana, que não assinou a lista para pedir o impeachment do Xandão e nem vai assinar algo que é impossível de passar. E ele falou isso antes de Davi deixar claro que não vai ter impeachment do Xandão.
Arthur
Lira, nosso eterno Arthurzito, mostrou, nesta semana, que ainda manda no Congresso. Ele segurou a horda bolsonarista e acabou com a paralisação, ocupação, tentativa de golpe —o que queiram chamar. Mas Arthurzito, que está sempre dois passos na nossa frente, fez uma negociação estupenda para o centrão: bora exigir o fim do foro privilegiado. Sem o foro privilegiado, saem do Supremo dezenas de inquéritos sobre mau uso do dinheiro público em emendas parlamentares. Adivinha quem é mais encrencado nesse rolê das emendas? O centrão.
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