Brasil

Fluxo migratório de nordestinos e nortistas retrata uma realidade para além dos clichês políticos

O país vive uma polêmica que gera discursos preconceituosos e alimenta grupos de esquerda que capitalizam com os mais pobres

A região sul do Brasil vivencia um momento delicado com a questão do fluxo migratório de pessoas vindas das regiões Nordeste e Norte. São pessoas oriundas das terríveis condições de pobreza, falta de estrutura básica, sem perspectiva de futuro e que, inspirados pela esperança, encontram forças para buscar uma vida mais digna.

Os estados das regiões Norte e Nordeste são em sua maioria governados por partidos de Esquerda ou ligados a estes, haja vista que o atual presidente da república ganhou na maioria destes estados. A situação ali é dolorosa e violenta, e não parece ter solução a curto, médio e longo prazo. Assim, a migração emana como única saída possível diante de um cotidiano tão sofrível. São pessoas de todas as raças, credos e tipos, mas com um único sonho: uma vida melhor.

É nesse contexto desolador que muitos migram para localidades mais bem estruturadas e com boa qualidade socioeconômica. O destino principal tem sido estados e cidades da região sul do Brasil, em especial Santa Catarina. O estado recebeu aproximadamente 503.580 imigrantes interestaduais entre 2017 e 2022, o que significa um aumento de 4,66% da população total.

A situação virou polêmica quando o vereador Mateus Batista (União Brasil-SC), da cidade de Joinville, em Santa Catarina, apresentou projeto de lei que busca restringir a migração de pessoas do Norte e Nordeste para cidade. A questão escalou patamares ainda piores quando na defesa do seu projeto falou que se o fluxo migratório não for controlado, Santa Catarina vai ser um grande “favelão”.

O projeto prevê ainda que os moradores recém chegados comprovem residência em até 14 dias após a mudança, do contrário não poderão permanecer legalmente em Joinville. O tema se tornou assunto de debates calorosos carregados de retóricas inflamadas de vitimismo político, de preconceitos teóricos e práticos que decoram as Ágoras modernas, principalmente as virtuais.

Grupos organizados ligados à Esquerda já conclamam todos os moradores oriundos do Norte e Nordeste que se encontram em Santa Catarina para uma “grande ocupação” e uma “grande ofensiva” (seja lá o que isto signifique em termos práticos), e a coisa vai além. Um dos líderes desses grupos manda o recado para o governo do estado sentar para negociar com os moradores afim de criar uma política de âmbito nacional de moradia ou o tal movimento vai continuar agindo (ou seja, promovendo invasões).

É preciso explicar que tal postura destes grupos com tom ameaçador e partindo pra violência piora mais o debate. Isso cria um sentimento de repulsa a todos os nordestinos e nortistas, categorizando-os como “invasores”, “invejosos” e até criminosos. Alimenta a visão dicotômica no Brasil entre norte e sul (tal como na Guerra Civil americana), contribui para o ideário separatista que fortalece a xenofobia, cria a animosidade cultural brasileira e emerge o pior da natureza humana quando se enxerga o outro como um problema a ser eliminado.

A Esquerda brasileira é quem mais promove este tipo de conflito, apenas para capitalizar politicamente em nome da causa socialista. Alimentam uma cizânia planejada com o intuito de produzir militantes e somar forças contra estados que historicamente nunca foram governados pela Esquerda.

Mas o que faz estes estados do sul terem melhores condições econômicas é que são resultados de uma cultura que tem no empreendedorismo a saída para o desenvolvimento. Não se trata de raça ou sexo, mas sim de cultura e visão de futuro. Não é invejando o sucesso alheio que vamos gerar bons frutos, mas aprendendo com os acertos deles é que vamos pavimentar o caminho do nosso sucesso.

Lendo com atenção o projeto do vereador Mateus Batista percebe-se que se quer proteger o estado de Santa Catarina da ocupação desordenada que desemboca nas favelas que formam as periferias do país. No entanto o vereador foi punido cautelarmente pelo próprio partido (União Brasil) por causa do seu projeto. O presidente nacional do União Brasil, Antonio Rueda, disse “o partido repudia qualquer iniciativa que promova discriminação”.

Jamais podemos perder de vista os problemas que a população mais carente padece no Brasil todo, inclusive na região sul. São brasileiros que sofrem muito e por isso devem ser acolhidos sob todas as formas, em especial os mais vulneráveis (crianças, idosos e portadores de condições especiais).

Porém é preciso também entender o lado da população do sul quando buscam preservar seu cotidiano e os costumes culturais e profissionais que os tornaram promissores economicamente e socialmente. Ademais, nenhum lado ganha nesta batalha quixotesca bananeira, por que a consequência parece vislumbrar um fim bem trágico para todos.

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