As consequências de uma aliança demagógica

Há quem diga que amizade é como castelo de areia que construímos à beira mar: se a maré subir ele corre o risco de desaparecer. Talvez isso possa simbolizar a atual relação nos bastidores da política maranhense entre os grupos ligados ao governador do Maranhão e os tais dinistas. Em agosto desse ano Marcos Brandão, irmão do governador do Maranhão Carlos Brandão (PSB), revelou em tom de denúncia (ou desabafo) uma série de informações sobre rompimento e quebra de acordo do grupo do ex-governador Flávio Dino (atual ministro do STF), que foi responsável pela reeleição do atual governador do estado.

No último dia 12 de agosto, Marcos Brandão gravou um vídeo em que fez duras críticas acerca das declarações e atuação política de alguns quadros dinistas do estado, a exemplo do vice-governador Felipe Camarão. Segundo Marcos, Camarão deveria ter uma voz mais altiva com seus correligionários ao invés do instinto de perseguição contra governo Brandão, e que só falam em prisão dele (Marcos) e de seu irmão.

Márcio Jerry foi outro citado por Marcos Brandão. Em conversa com o Dep. Fed. Pedro Lucas Fernandes, este lhe procurou e revelou que o também Dep. Fed. Márcio Jerry fez a seguinte afirmação: “nossa paciência chegou no limite. Tentei a última conversação com Carlos Brandão e se ele não anunciar o nosso candidato nós vamos afastá-los por 90 dias, depois a gente consegue outro ministro pra afastar por mais 90 dias”. Marcos Brandão então teria respondido “Pedro Lucas como é que afasta um governador sem nada concreto (corrupção)?”. Márcio Jerry nega tal conversa com Pedro Lucas Fernandes.

Estas afirmações de Marcos faz parecer que Jerry tem sido uma espécie e “coronel” do grupo dinista que age para sabotar o governo do estado. Definitivamente subiu o tom com revelações tão graves de conluio contra o grupo do governador Carlos Brandão. Marcos continuou seu desabafo, afirmando sobre uma mensagem enviada a um advogado em que seria impetrado uma ação contra o procurador geral do Maranhão, e que o IP (endereço de onde partiu a mensagem) fica no gabinete do Min. Flávio Dino.

Se tais revelações forem confirmadas, fica claro algumas teses. Primeiro, que o governador Carlos Brandão está contra-atacando os inimigos infiltrados em seu governo, e vai continuar com esta depuração institucional do grupo dinista, que quer derrubá-lo. Segundo, que o Min. Flávio Dino deveria declarar sua suspeição e impedimento (Art. 145° do Código de Processo Civil e Art. 254° do Código de Processo Penal) em quaisquer ações contra o governador Brandão, pois estão declaradamente em conflito político.

Pelo visto a situação é irreversível. Isto evidencia que nossos quadros políticos ainda atuam de forma bairrista, e que nossa política estadual é produto das decisões bananeiras de grupos que se digladiam para se manter no poder. Enquanto isso nossa população continua a mercê da demagogia e da miopia institucionalizada por quem deveria tratar a política como ferramenta de soluções reais da sociedade, e não como “clubinho de pelada” de bairro.