Meio ambiente

Estudo da Uema revela por que papagaios ameaçados estão desaparecendo das florestas amazônicas do MA e PA

A pesquisa teve foco na região conhecida como Centro de Endemismo Belém. O trabalho aponta caminhos para proteger espécies emblemáticas da fauna brasileira.

MARANHÃO – Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e de instituições parceiras do Brasil e do exterior revelou novos alertas sobre o desaparecimento de espécies de papagaios ameaçados na Amazônia oriental. A pesquisa teve foco na região conhecida como Centro de Endemismo Belém, que abrange áreas dos estados do Maranhão e do Pará.

Publicado na revista científica internacional Biodiversity and Conservation, o artigo mostra como a conservação das florestas e as condições climáticas influenciam diretamente os locais onde essas aves vivem. O trabalho aponta caminhos para proteger espécies emblemáticas da fauna brasileira.

Fotos de Periquito-dourado (Guaruba guarouba) · BioDiversity4All

O foco da pesquisa

Segundo o pesquisador Randson Modesto Coêlho da Paixão, autor principal do estudo, a pesquisa nasceu da preocupação com o sumiço de aves típicas da Amazônia. “A região do Centro de Endemismo Belém é uma das mais ameaçadas da floresta amazônica e abriga um grande número de aves únicas, que dependem diretamente da conservação da mata para sobreviver”, explicou.

 

 

Pesquisador Randson Modesto Coêlho da Paixão, autor principal do estudo. (Foto: Divulgação/Uema)
Pesquisador Randson Modesto Coêlho da Paixão, autor principal do estudo. (Foto: Divulgação/Uema)

O estudo foi desenvolvido durante o pós-doutorado de Randson Paixão na Uema, onde ele atuou como professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade, Ambiente e Saúde, no Campus Caxias. Ele também integrou o Laboratório de Ornitologia, coordenado pelo professor Flávio Ubaid, coautor do artigo.

A pesquisa faz parte do projeto “Testando hipóteses, predizendo padrões: da modelagem de ocupação à distribuição de espécies ameaçadas no estado do Maranhão”. O objetivo foi entender como o uso da terra e as mudanças climáticas afetam as áreas onde vivem aves ameaçadas e exclusivas da região.

Espécies analisadas e metodologia

Três espécies de papagaios foram analisadas: a ararajuba (Guaruba guarouba), conhecida pela plumagem verde e amarela; a marianinha-de-cabeça-amarela (Pionites leucogaster); e a curica-urubu (Pyrilia vulturina). Os pesquisadores reuniram dados de ocorrência dessas aves entre 2000 e 2022 e cruzaram com informações sobre vegetação, qualidade da floresta e índices de chuva.

Reintrodução e Monitoramento da Ararajuba – IDEFLOR-Bio

Resultados: o impacto da degradação

Os resultados mostram que os papagaios têm mais chances de sobreviver em áreas bem preservadas. Em regiões com floresta de qualidade média, a chance de ocorrência cai para 50%. Já em áreas degradadas, esse número despenca para cerca de 24%. Locais com chuvas regulares também favorecem a presença das espécies.

“A conservação da floresta é o principal fator de sobrevivência dessas aves”, afirmou Randson. “Sem o equilíbrio climático e a manutenção das áreas florestais, a Amazônia pode perder espécies únicas que não existem em nenhum outro lugar do planeta.”

Ararajuba: onde vive, quanto tempo vive e suas curiosidades

Implicações para a conservação

O estudo serve como base para políticas públicas de conservação, definição de áreas prioritárias para proteção e ações de reflorestamento. Também busca sensibilizar a sociedade sobre o valor ecológico e cultural das aves amazônicas e a urgência de preservar seus habitats.

Autores e financiamento

O artigo foi assinado por Randson Modesto Coêlho da Paixão, Carlos Salustio-Gomes, Kawan William Correia-Sousa, Willane da Silva Rodrigues, Sandara Nadja Rodrigues Brasil e Flávio Kulaif Ubaid. A pesquisa teve apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Universidade Estadual do Maranhão, por meio de editais de fomento à pesquisa.

iMirante

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo