A nova tentativa de salvar os Correios já se mostra sem salvação
O presidente do órgão Emmanoel Rondon estima um empréstimo de 20 bilhões para sanar o rombo da empresa e implementar um novo plano de reestruturação.

Não é novidade os dramáticos problemas dos Correios que colocam uma das empresas mais tradicionais do país numa severa crise, já que há anos vem conseguindo uma sobrevivência sofrível. A empresa amargou um decréscimo na sua receita de R$ 1 bilhão em comparação com 2024.
Desde 2022 os Correios registra péssimos resultados, chegando no primeiro trimestre de 2025 (governo Lula) acumulando prejuízos de cerca de R$ 4 bilhões. A situação é justificável, já que os Correios segue como empresa com modelo de negócio ultrapassada, com enormes déficits financeiros, gastos com pessoal alta, sem investimento na modernização de seus serviços, sem competitividade e estrutura precária – apesar de ser a maior rede de distribuição do Brasil (chegando a 100% dos municípios brasileiros). Lembrando que os Correios foi palco de diversos escândalos de corrupção, dentre eles o Mensalão.
Em 3 anos a empresa padece do que talvez seja a pior situação em anos. Durante o governo Bolsonaro parecia estar se recuperando, com passos firmes rumo a um crescimento estável e prolongado, registrando inclusive superávit. Em 2021 a empresa teve lucro de R$ 3,7 bilhões, recorde na época. De lá pra cá foi só ladeira abaixo.
Vendo a penúria avançar, o governo federal busca agora tentar sanar o caos operacional e financeiro dos Correios e anunciou nesta quarta-feira (15), através do presidente da empresa Emmanoel Rondon, um plano para resgatar o equilíbrio estrutural e financeiro, principalmente resolver o rombo bilionário nas contas da empresa. O plano prevê um empréstimo de R$ 20 bilhões com um consórcio de bancos (dentre os quais Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal), para implementar ações de reestruturação da empresa. Dentro deste pacote de ações estruturantes estão até mesmo um plano de demissão voluntária, venda de imóveis ociosos e renegociação de contratos com fornecedores.
Segundo Rondon, os Correios não foi capaz de se adaptar ao forte crescimento da concorrência no setor de encomendas (enfrentando empresas como Jadlog, Azul Cargo Express, Total Express, B2Log, Mandaê e ASAP Log no setor de e-commerce). “Nos últimos anos, o que vem acontecendo com a empresa – e isso vem de forma crescente – é a perda de market share, a perda de competitividade vem fazendo com que a gente tenha perda de receita. Essa perda de receita impacta o caixa, e ao impactar o caixa – aí eu falo principalmente nos últimos meses – a gente vem afetando a operação, o que potencializa esse ciclo negativo”, afirmou Rondon.
Para azedar mais o caldo, a oposição já se mobiliza para buscar convocar o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para dar explicações sobre a situação dos Correios. “O PT destrói as estatais, aparelha a máquina pública e depois tenta salvar o rombo com mais endividamento e manobras financeiras. É a mesma história de sempre: criam o problema e pedem ao cidadão que pague a conta.”, disse o deputado federal Zucco (PL-RS), líder da oposição na Câmara.
É fato que a maior parte destes empréstimos será de bancos públicos, já que deve contar com garantias do Tesouro Nacional, o que leva a conclusão que o contribuinte vai pagar por essa, digamos, recuperação dos Correios. Caso a empresa não tenha êxito desta empreitada, será preciso outras iniciativas para cobrir os cofres públicos por conta deste empréstimo, o que significa aumento de arrecadação (ou seja mais impostos).
Não parece uma saída útil querer modernizar uma empresa pública onde a própria dinâmica de funcionamento impede sua modernização e competitividade. A saída correta seria a privatização, mas isso não será possível, pelo menos por enquanto, já que temos um governo que ideologicamente defende o controle estatal como motor do desenvolvimento social e econômico do país.