Alcolumbre e Motta não vão à cerimônia de Lula de sanção do Imposto de Renda e escalam crise
Presidentes do Senado e da Câmara escancaram descontentamento com governo do petista Disputa por vaga no STF é um dos pontos de atrito

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), decidiram não comparecer à cerimônia de sanção do projeto de lei que eleva a isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, nesta quarta (26), no Palácio do Planalto.
Lula esperava que os dois comparecessem, já que a medida foi aprovada no Congresso.
O presidente tinha inclusive convidado ambos para discursarem na solenidade.
A decisão, combinada entre os dois, escancara divergências e joga a crise definitivamente no colo do presidente.
Até então, tanto Alcolumbre quanto Motta miravam nos líderes do PT no Senado (Jaques Wagner) e na Câmara (Lindbergh Farias), com quem se diziam rompidos.
Com a ausência na solenidade, o alvo passa a ser diretamente o presidente Lula.
A intenção dos dois parlamentares foi deixar ainda mais explícito o descontentamento da liderança do Congresso com o governo federal.
Davi Alcolumbre abriu guerra contra o governo depois que Lula decidiu indicar o advogado-geral da União, Jorge Messias, para o Supremo Tribunal Federal (STF).
O candidato dele para a vaga aberta pelo ministro Luís Roberto Barroso, que se aposentou em outubro, era o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Desde então, Alcolumbre passou a bombardear Messias, minando as chances de ele ser aprovado pelo Senado para a vaga.
Nesta semana, ele marcou a sabatina de Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para o dia 10 de dezembro _deixando um prazo curto para que o escolhido por Lula possa se apresentar aos senadores.
Já Motta acumula atritos com o governo desde que trabalhou para que a proposta de aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) fosse rejeitada na Câmara dos Deputados.
Os desentendimentos se acirraram na votação do projeto Antifacção enviado por Lula para o parlamento.
O presidente da Câmara indicou um desafeto do governo, o deputado Guilherme Derrite (PP-SP), para ser o relator da proposta.
A escolha sofreu oposição frontal do PT, expressa pelo líder do partido, Lindbergh Farias (PT-RJ).
Motta afirma que o partido do presidente tem feito uma oposição desleal a ele, indo para as redes sociais atacá-lo como defensor de banqueiros e bilionários.
Folha de São Paulo



