Justiça

BOMBÁSTICO! Baptista Jr. confirma ao STF que Freire Gomes disse a Bolsonaro que poderia prendê-lo

Tenente-brigadeiro é testemunha de acusação da PGR na ação penal que apura tentativa de golpe de Estado

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Júnior presta depoimento nesta quarta-feira (21) para a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). O militar, ex-chefe da Aeronáutica na gestão de Jair Bolsonaro, está sendo ouvido na ação penal que investiga tentativa de golpe de Estado.

O depoimento de Baptista Jr. estava marcado para segunda-feira (19), mas foi adiada a pedido do próprio tentente-brigadeiro, que disse estar fora do país.

Indicado como testemunha de acusação pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Baptista Jr. também é testemunha de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do ex-comandante da Marinha Almir Garnier e do ex-comandante do Exército Paulo Sérgio Nogueira.

O ex-chefe da Aeronáutica informou ter participado de reuniões com teor golpista, onde foram discutidos os termos da chamada “minuta do golpe”, em depoimentos colhidos na fase de investigações da Polícia Federal.

À época, Baptista Jr. disse que relatou ter se posicionado contra a ideia de uma ruptura democrática. O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, também teria se pronunciado contrário à ideia do golpe.  Após a recusa em apoiar a iniciativa, o militar relatou ter sido alvo de críticas e ataques nas redes sociais de apoiadores de Bolsonaro.

Intenção por trás do plano

Fux pergunta sobre a ordem de prisao e Baptista Jr. responde: “Em momento de algum. O presidente não colocou dessa forma, que estava objetivando um golpe de Estado, mas começamos a imaginar que objetivos políticos de medida de excessão não eram para garantir a paz social até 1º de janeiro.Foi nesse contexto que general Freire Gomes colocou a questão da prisao. No âmbito dessa discussão”.

“Melancia”

“Todo dia eu tenho ataque no meu twitter me chamando de melancia. Tive que fechar meu twitter”

Reunião com Toffoli

Reunião, em 24 de agosto de 2022: “Aras levou para reunião com ministro Toffoli… Foi na casa do brigadeiro. Na ocasião, estavam Ives Gandra e o ministro Toffolli e existia discussão sobre o artigo 142”. O advogado Demóstenes Torres questionou o que disse o ministro (Toffoli) e Baptista Jr disse que nao se recordava.

“Menos radical”

“Não sei quantas reuniões tivemos com Aras, mas postura dos três comandantes e ministro era de acalmar a conjuntura. Que cada um usasse relacionamentos pessoais com autoridades e instituições para que conjunta fosse menos radical”.

Mantém a palavra

Baptista Jr.: “O comandante do Exército é muito polido, muito tranquilo, mas muito firme quando precisa. Vi a repercussão do que ele disse. Não é uma coisa simples, não é uma coisa que se esquece (o aviso da prisão). Eu mantenho a minha palavra, com toda a educacao, ele disse poderia chegar a prendê-lo (referindo-se a Bolsonaro)”

Heleno

Brigadeiro sobre Heleno: “Eu nunca tinha conversado desse assunto com o general Heleno. Na formatura do filho do general, no final da formatura, ele veio me pedir uma carona para voltar pra Brasilia porque Bolsonaro chamou ele para uma reunião de emergência no dia 16 de dezembro.

‘Não é normal o senhor ter que ir numa reuniao de emergencia sabado, deixar a formatura do seu filho. Eu e a Força Aérea nao vamos apoiar qualquer ruptura desse país’. Ele estranhou a firmeza com que disse”.

Lula não assumiria

Baptista Jr.: “Paulo Sergio disse: ‘Trouxe aqui documento para vocês lerem’. Não lembro se era Estado de Defesa ou de Sítio. Mas não via motivo para nenhum deles. O documento estava na mesa dentro de um plástico. Perguntei se o documento previa a não assunção do presidente. Ele disse que sim. Eu disse: ‘Não admito sequer receber esse documento’. Levantei e saí da sala (…) Eu tinha ponto de corte. No dia 1º de janeiro toma posse o presidente que já tinha sido diplomado, era processo democrático”.

Sobre a reuniao em que Paulo Sergio mostrou a minuta,no dia 14 de dezembro : “O general Paulo Sérgio (então ministro da Defesa) ficou em silencio e eu entendi que estava prevista, sim, a não posse do presidente eleito”.

Garnier

“O Almirante Garnier nao estava na mesma sintonia e postura do general Freire Gomes e minha” (…) “Em uma dessas reunioes eu lembro que ele disse que as tropas estariam à disposição do presidente”.

Prisão de Moraes

Gonet: “Alguma vez se cogitou nas reuniões a prisão de autoridades publicas?
Bigadeiro: Sim senhor, do ministro Alexandre de Moraes”

“Não será presidente”

Baptista Jr.: “Falei com presidente Bolsonaro: ‘Aconteça o que acontecer, dia 1º de janeiro o senhor não será presidente’”.

Voz de prisão a Bolsonaro

Gonet: “Qual era a postura dos senhores quando essas medidas extraordinárias eram discutidas. No seu depoimento, Freire Gomes, disse que podia prender”.

Baptista Jr.: “Confirmo, sim senhor. Acompanhei o general Freire Gomes, polido, educado, ele não falou essa frase com agressividade, mas é isso que ele falou, com muita tranquilidade”

“GLO” diferente

“Voltamos no dia 2 de novembro. (…) Ministro da Defesa e três comandantes, só. Presidente estava frustrado com o resultado, parecia deprimido com erisipela, e esse assunto de GLO começou a ser abordado nessas outras reuniões, mas o foco era entrega do relatório. Em determinado ponto, penso que foi a partir do dia 11, comecei a pessoalmente entender que GLO que estávamos abordando não era o que estavamos acostumados a ver.

O desconforto era meu, de Paulo Sergio e do general Freire Gomes”

Reunião

“Durante todo o período eleitoral, as Forças avaliam a conjuntura. Estávamos entendendo a sociadade, o povo rachado ao meio, sempre trabalhamos com hipótese de GLO, como previsto no artigo 142, por iniciativa de um dos Poderes. No primeiro período, na reunião do dia 1º, estava ministro Paulo Sérgio (Defesa), os três comandantes e o advogado-geral da União. Colocamos que não havia fraude. Bolsonaro perguntou ao Bruno se havia alguma outra decisão jurídica a se tomar e ele disse que não”.

Nota da Defesa

Gonet: “Houve nota do Ministério da Defesa sobre o relatório. Sabem quem foi responsável pela nota? Algum outro comandante participou?”
Baptista Jr.: “Eu não participei”.

Pressão

Paulo Gonet: “Houve pressão de Bolsonaro para evitar a entrega do relatorio das Forças Armadas?”
Baptista Jr.: “Sim senhor”.

Supostos erros

“O presidente no dia 14 de novembro chamou o ministro da defesa e os comandantes, no salao norte, e entregou uma cópia do relatório do Instituto Voto Legal e disse que tinha sido programador antes de ser major e tinham vários erros no relatório”.

Sem fraude nas urnas

Baptista Jr.: “Diversas pessoas levaram teses de fraudes nas urnas. Eu mesmo no depoimento pedi que constasse no meu depoimento entre aspas as fraudes. Todas foram rechaçadas pela equipe de fiscalização das Forças Armadas”

Sozinho

Ás 11h39, o brigadeiro Carlos Baptista Jr inicia o seu depoimento no STF sozinho. Ele não está acompanhado de advogado, assim como foi na PF em março do ano passado.

O general Freire Gomes foi ao depoimento acompanhado de seu advogado tanto no STF como na PF.

ICL Notícias

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo