Maranhão

Brandonismo x Dinismo: um conflito do velho ranço político que condena o estado à pobreza de sempre

A disputa pelo Palácio dos Leões ilustra que a classe política maranhense continua sem proposta real de futuro próspero, fomentando a política do "mais do mesmo".

Estamos a poucos dias para entrar em 2026, ano eleitoral já considerado o mais importante dos últimos 20 anos, e o cenário político do Maranhão continua rendendo grandes espetáculos sobre os arranjos, alianças e acordos de bastidores que poderão definir os rumos da corrida eleitoral aqui no estado. Há teorias das mais diversas produzidas a toque de caixa por vários dos autointitulados analistas de plantão imersos em seus observatórios de rede social, cujas conclusões tem muito mais de paixão premonitória militante do que de fundamento factual. De qualquer forma, não deixa de ser divertido algumas destas “análises” um tanto quanto conspiratórias.

Alguns até conseguem uma boa margem de acerto quando teorizam sob fundamentos históricos que prospectam uma linha de raciocínio mais pragmática, apesar de não se pretender definitiva. Isto porque a dinâmica política é muito volúvel e dependente de certas circunstâncias que muitas vezes emergem nos últimos minutos, o que já se provou decisório em vários casos vitoriosos em nossa história.

Estes últimos meses de 2025 algumas notícias veiculadas na imprensa abalaram significativamente as estruturas dos grupos políticos na disputa eleitoral maranhense, especialmente no bunker do Palácio dos Leões. É sabido que o racha ocorrido entre Brandão e Dino promoveu não apenas uma discórdia por lealdade, mas uma ruptura de método que alimenta ambos os lados deste imbróglio, onde as narrativas se confrontam sob a égide de uma pretensa “verdade” com fins eleitorais, e não factuais. Os subgrupos gestados dessa ruptura são os mais entusiasmados em ferir seus agora inimigos palacianos para proteger seus caciques (ou padrinhos), a exemplo do Vice-governador Filipe Camarão que segue atuando fielmente como rottweiler dinista, sempre pronto para o combate, e muito confortável com tal papel.

Já o lado brandonista conta com o apoio maciço da maioria dos deputados da ALEMA, especialmente aqueles de maior peso, como a deputada estadual Iracema Vale, presidente da Casa legislativa estadual, e o senador Weverton Rocha (PDT-MA), que pelo visto não larga a mão de mais ninguém do governo do Maranhão. Lembrando que em abril deste ano, durante evento que anunciava obras em Paço do Lumiar, o governador Brandão fez questão de salientar que conta com o apoio da maioria da Assembleia Legislativa do Maranhão, mas frisou: “Começou a aparecer uns ‘desertorezinhos’ e tal, já diminuiu. Não é mais 42, mas nem Jesus Cristo teve unanimidade. Tá bom, ainda temos uma maioria grande lá, mais de 35. Tá bom demais, dá para governar tranquilo”.

Nesta guerra aberta entre dinistas e brandonistas, dentro e fora do Palácio dos Leões, a política do vale-tudo parece ser a saída mais adequada para conter sucessos e aumentar os erros de ambos os lados, permitindo o uso de mecanismos nem um pouco ortodoxos. O isolamento de certos títeres do atual ministro do STF Flávio Dino que permanecem no governo Brandão tem sido eficaz em grande medida, mesmo sem a ingerência de antes – mas continuam respirando nos corredores. Já o ex-governador Dino utiliza de suas peripécias judiciais que o atual cargo lhe permite para contra-atacar, em especial os aliados mais “frágeis” de Brandão, como foi com o deputado federal Pedro Lucas Fernandes. O ministro Flávio Dino determinou que a Polícia Federal investigasse suspeitas de desvios de emendas parlamentares enviadas a quatro cidades em que os recursos desapareceram nas contas destas prefeituras. Dentre as cidades investigadas está Arari (MA), que recebeu emenda de R$ 1,25 milhão destinado pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União-MA). É premente tal investigação, porém que se investigue este e também outros casos, inclusive das prefeituras aliadas do dinismo no Maranhão. Quem sabe!

Em contrapartida, o brandonismo responde ressuscitando escândalos nada agradáveis para Dino, dentre os quais aquela que trata da compra de respiradores do consórcio nordeste que nunca foram usados durante a pandemia de covid-19, assunto requentado recentemente para apontar culpa exclusiva no dinismo. Há quem diga que o atual candidato a sucessor do governador do Maranhão, Orleans Brandão, seria um novo Edinho Lobão de 2026, numa clara tentativa de macular de forma histriônica a figura do sobrinho de Carlos Brandão, para açodar o fato de que ele (Orleans) não tem carisma e nem força para concorrer ao cargo de governador do Maranhão em 2026, cujo capital eleitoral está apenas em seu sobrenome. Enfim.

Assim vamos assistindo o desenrolar desta “soap opera” maranhense que opera sob olhares presunçosos e aflitos da classe política estadual. Todos estão agindo à espera da falha do outro para capitalizar em cima de um escândalo ou fato político negativo e massacrar seu adversário. Não é um jogo de “gato e rato”, mas sim um jogo de estratégia em que aquele que souber negociar apoio e costurar alianças terá mais chance de vitória eleitoral, onde a questão orçamentária segue como maior moeda de troca. E no limiar disso tudo fica a população que continua à mercê da vontade dos agentes públicos da política maranhense e esperando soluções para os diversos, antigos e dolorosos problemas sociais de hoje… e pelo visto de sempre.

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