Brasil

Chiquinho Brazão e o silêncio gritante da Esquerda brasileira

Partidos políticos, setores organizados e a própria militância da Esquerda nacional continuam caladas sobre a decisão do Ministro Alexandre de Moraes que beneficiou o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco

O silêncio às vezes faz mais barulho que um grito. Se buscarmos na história veremos que grandes momentos da humanidade não foram resultados apenas da ação popular das ruas, mas também do silêncio estratégico e de um olhar impactante que diz muito mais que um discurso inflamado. Porém, o silêncio muitas vezes é sinônimo da vergonha que nos confronta com nossa própria hipocrisia, e que coloca em cheque todo um arcabouço moral que nutre os corações mais militantes.

O caso do assassinato da Marielle Franco sensibilizou a Esquerda brasileira, transformando a vereadora em uma espécie de símbolo de luta contra a tal “classe burguesa”. O mandante foi o empresário e ex-deputado federal Chiquinho Brazão, que foi julgado, condenado e estava cumprindo pena no presídio federal – assim como o irmão dele, o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, e o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa.

Bom, eis que no dia 11 de julho (sexta-feira) o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes mandou soltar Chiquinho Brazão e encaminhá-lo para prisão domiciliar e cumprindo medidas cautelares (como uso de tornozeleira eletrônica, proibição de utilizar redes sociais, ter contato com outros investigados e receber visitas sem autorização).

O ministro Moraes acatou o pedido de soltura feito pela defesa de Brazão com base o relatório médico apresentado pelo presídio de Campo Grande. O relatório diz que Brazão possui “delicada condição de saúde e tem “alta possibilidade de sofrer mal súbito com risco elevado de morte”.

Mas o que causa espanto em tudo isso é o sonoro silêncio da Esquerda nacional com a decisão do ministro e que até agora nada falaram a respeito. Parece que estão absortos num universo em que só existe Bolsonaro e a Direita. Não há mais o que roer dos ossos da vereadora assassinada que sirva para vincular com o bolsonarismo, já que Brazão é apoiador do Lula e fez campanha para o atual presidente. Quem sabe um ar humanista de preservação da dignidade da pessoa humana tocou os corações da militância orgânica vermelha por conta do estado de saúde de Brazão, mas o mesmo não valeu para muitos outros em situação igual e até pior que do assassino da Marielle Franco.

A Esquerda até agora está calada diante da situação, ou então não há nada a falar de fato quando o silêncio deles estampa a hipocrisia que transformou o corpo crivado de balas da vereadora em palanque político que alimentou uma narrativa falida e mentirosa contra a Direita.

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