Ministros do STF pediram a Alexandre de Moraes para maneirar decisões

Pelo menos dois ministros do Supremo
Tribunal Federal (STF) pediram a Alexandre de Moraes na semana passada que adotasse mais cautela em suas decisões no processo da trama golpista, em reação à crise deflagrada por sua decisão de colocar Jair Bolsonaro em prisão domiciliar.
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De acordo com interlocutores dos três, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso tiveram conversas reservadas com Moraes em que deixaram claro o incômodo com a forma como a decisão foi tomada – de ofício, sem consultar nem a Procuradoria-Geral da República (PGR) e nem os outros integrantes da Corte. Questionados, Barroso disse que sempre mantém conversas amistosas com os colegas, e Mendes afirmou que “jamais” tratou do assunto com Moraes.
Relatos feitos pelos próprios ministros a interlocutores são de que não houve briga ou discussão, até porque Moraes não reage bem à pressão.
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Dada a maior proximidade, porém, deram um toque no colega de Supremo, por assim dizer. Outros ministros também afirmaram nos bastidores não terem gostado nem da decisão e nem de suas consequências, mas não se sentem à vontade para falar sobre isso diretamente com o relator dos inquéritos contra o bolsonarismo.
Moraes, por sua vez, deixou claro aos dois que não pretende recuar. Em discurso na abertura dos trabalhos após o fim do recesso do Judiciário, ele comparou quem instiga ataques dos EUA a autoridades brasileiras a “milicianos do submundo do crime”.
Defesa pública
Na semana passada, o incômodo e as críticas dos magistrados à decisão de Moraes foram objeto de diversas reportagens, mas em público Gilmar Mendes negou qualquer climão ou isolamento de Moraes.
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Depois de uma palestra, Mendes inclusive disse que não houve “nenhum desconforto”. “O ministro Alexandre tem toda a nossa confiança e o nosso apoio”, afirmou.
Disse, ainda, que “seria inadmissível que nós, nas nossas pretensões comerciais, exigíssemos mudanças de entendimento da Suprema Corte americana. Isso seria impensável. Da mesma forma, também isso se aplica ao Brasil”.
O Globo