O que esperar da “soap opera” da política maranhense para 2026?
Apesar de muitas articulações definidas, o cenário político maranhense congrega situações muito negativas que envolvem personagens que podem colocar tudo a perder nas eleições de 2026

Há quem diga que o melhor dos entretenimentos para a humanidade seja o cinema. Para alguns é um happy hour com os amigos, outros acham o futebol, e os mais conservadores preferem estar com a família. Enfim, há muitas respostas, mas todas garantem uma satisfação salvífica, ou o usufruto de um sentimento de realização. Atualmente, o que tem gerado mais entretenimento é o cenário político, em especial o maranhense.
A menos de 2 meses para o fim de 2025 alguns nomes já estão definidos desde o começo do ano na conjuntura eleitoral do estado, como Orleans Brandão e Lahésio Bonfim para a vaga de governador do Maranhão. Alguns parlamentares de mandato irão para a reeleição tanto para federal quanto estadual. Para o senado temos nomes de peso, como Roberto Rocha, André Fufuca, Weverton Rocha e Hilton Gonçalo. Já outras figuras conhecidas, e até folclóricas, seguirão como buchas eleitorais dos candidatos da “primeira classe” de suas coligações.
Os fatos sempre falam mais que as opiniões, e neste sentido a política maranhense continua a nos brindar com acontecimentos bem pitorescos, pra dizer o mínimo. Estes fatos serão explorados de forma bem dura durante a campanha eleitoral, já que o vale-tudo da arena política sempre se vale de golpes baixos, muitas vezes bem covardes, e sem escrúpulos.
Lembremos de alguns fatos. O deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA), que vem ganhando destaque nacional como vice-presidente da CPMI do INSS, convocou para depor na CPMI o deputado estadual pelo Maranhão Edson Araújo (PSB-MA) – acusado de fraudes via Federação das Colônias de Pescadores do Estado do Maranhão (Fecopema). Segundo Duarte Júnior, o deputado estadual Edson Araújo, que está de tornozeleira eletrônica posta pela PF, o ofendeu e ameaçou por três vezes no curso de uma conversa que os dois tiveram em um aplicativo de mensagens. Isto pode favorecer Duarte Jr. nas eleições de 2026 como um “parlamentar que combate fraudes e defende os mais vulneráveis do INSS”, ainda que seja de seu próprio partido. Muito óbvio!
Pegando o gancho da CPMI, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) figura atualmente como notória vilã do eleitorado gospel maranhense por conta de suas imposturas parlamentares, e sempre na defesa fervorosa do dinismo no estado. Outro parlamentar maculado com a CPMI do INSS é Weverton Rocha, que piorou sua imagem política ao ser ligado a fraude bilionária do INSS, em que teria compartilhado um jatinho de R$ 2,8 milhões ao lobista Antônio Carlos Camilo Antunes (o “careca” do INSS, principal responsável pela fraude). Sem falar que este mesmo Weverton Rocha até pouco tempo era inimigo declarado do atual governador Carlos Brandão, mas como o contexto político não está nada favorável para sua imagem resolveu então “rever suas posições” e mudar de postura. Agora “Meu preto” caminha de mãos dadas com o grupo Brandão no melhor estilo “ninguém solta a mão de ninguém”. Hilário, mas esperado!
Já no município de Fernando Falcão, a prefeita Raimunda do Josemar foi alvo da denúncia impetuosa do deputado estadual Yglésio Moyses (PRTB-MA) na tribuna da Assembleia Legislativa do Maranhão (Alema). O deputado acusou a prefeita de fraude no concurso municipal da cidade para favorecer familiares e pessoas próximas. São cerca de 18 parentes da prefeita Raimunda do Josemar aprovados nos cargos mais bem remunerados do certame, levantando sérias suspeitas de corrupção e violação dos princípios da moralidade e impessoalidade que regem a administração pública.
Como não poderia deixar de ser, há aqueles áudios também denunciados pelo deputado estadual Yglésio envolvendo os deputados federais Márcio Jerry e Rubens Pereira Júnior (aliados do atual ministro do STF Flávio Dino), cujos conteúdos apontam para uma suposta rede de articulações políticas e jurídicas com o intuito de “pressionar” o governador Brandão a cumprir acordos estabelecidos no passado. Se confirmadas, estas denúncias colocam o ex-governador do Maranhão Flávio Dino num escândalo político sem precedentes no Maranhão.
Como cereja do bolo dessa amálgama politiqueira, estão os deputados federais Josimar do Maranhãozinho e Pr. Gildenemyr (ambos com grande força eleitoral), que são réus em processo no STF acusados de crimes de corrupção passiva e organização criminosa, em um caso que envolve o suposto desvio e “venda” de emendas parlamentares federais. Um típico dramalhão mexicano!
Ser um destaque na política é sempre uma faca de dois gumes, pois pode servir tanto para o bem quanto para o mal. Porém, tem sempre os mais espertalhões que adotam a máxima de “fazer de um limão uma limonada”, utilizando dos mecanismos de marketing eleitoral para forjar suas narrativas e se venderem como “honestos” ou como “referências” de uma nova política (e em alguns casos, infelizmente, funciona!). Fato é que nossos atores políticos utilizam das suas peculiaridades artísticas para coletar alguma relevância eleitoral no atual estado caótico de representatividade parlamentar que vivenciamos e, assim, se manterem no Poder. Muitas coisas já aconteceram, outras estão acontecendo e ninguém parece saber o que vai acontecer, mas o que tudo isso pode influenciar nas eleições de 2026 e suas consequências é algo ainda é incerto. Ademais só nos resta aguardar e nos divertirmos com os próximos capítulos dessa belicosa novela da política maranhense.



