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PF diz que orçamento secreto perdura mesmo com saída de Lira da presidência

A Polícia Federal afirma ter encontrado indícios de que Mariângela Fialek, conhecida como Tuca, seguiria atuando para perpetuar o esquema do orçamento secreto mesmo após a saída de Arthur Lira (PP-AL) da presidência da Câmara, no ano passado.

O que aconteceu
Pela primeira vez, a PF levanta suspeitas de que há uma tentativa de manter práticas do orçamento secreto na gestão de Hugo Motta (Republicanos-PB). A constatação faz parte do pedido de buscas nos endereços de Tuca apresentado pela PF e que levou à operação de hoje.

O ministro Flávio Dino afirma que Tuca seguiria atuando para atender aos interesses de Arthur Lira (PP-AL). Dino, que autorizou a operação de hoje, analisou os depoimentos dos parlamentares ouvidos pela PF que apontaram que existiria um esquema de orçamento secreto a mando de Lira.

Trecho da representação da PF é citado na decisão que autorizou as buscas. A PF diz ter encontrado indícios de perpetuação do esquema ao analisar a quebra de sigilo telemático de Tuca.

Análise da PF não cita o nome de Motta. Ele sucedeu Lira no comando da Casa. Tuca atua como assessora especial dele em uma sala da presidência da Câmara que foi alvo de buscas. A PF afirma ter encontrado indícios de que ela seguiria centralizando o controle do pagamento de emendas parlamentares sem transparência.

De maneira mais relevante, há elementos que indicam que, apesar da troca de comando na Câmara dos Deputados, a investigada manteria, ainda, importante papel nas já conhecidas tentativas de perpetuação do malfadado orçamento secreto.
-Trecho de representação da PF que deu origem à operação de hoje contra Mariângela Fialek.

Decisão de Dino não detalha quais seriam estes elementos. O ministro, porém, cita trechos do relatório da PF que analisou a quebra de sigilo das mensagens eletrônicas dela e que menciona a atuação da assessora na gestão de Lira. No relatório, a PF aponta que ela manteve “atuação relevante” para organizar a distribuição de emendas na gestão de Arthur Lira e que seguiria com protagonismo.

Os elementos de interesse identificados nos dados telemáticos obtidos foram consolidados na IPJ nº 205/2025. Ao perlustrar o documento, intensifica-se, muito claramente, que as medidas empreendidas no sentido de não dar visibilidade e rastreabilidade à distribuição de emendas não tinham por origem uma desorganização interna da Câmara, ou mesmo um desapego ao formalismo.

As informações mantidas com Mariângela, ou Tuca, deixam claro que não só havia o controle de parlamentares e partidos que receberiam os recursos, como esse controle era rigidamente reportado internamente na Câmara. E os dados evidenciam que esse processo, ao menos em parte, era centralizado em Tuca – na esteira do que diversos elementos desta investigação demonstravam.

-Trecho da representação da PF que analisou a quebra de sigilo de Mariângela

Lira disse que só iria se manifestar após ter acesso à investigação. Fialek também foi procurada, mas ainda não se posicionou. A reportagem busca identificar a defesa da advogada. O espaço segue aberto para eventual manifestação.

UOL

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