Maranhão

PGR pede prisão de Josimar e Gildenemyr: um forte trunfo dos adversários para 2026

Pedido de prisão pela PGR vira potencial instrumento político de adversários contra Josimar, Pastor Gil e contra o PL-MA que abriga a Direita no estado

No cenário político do Maranhão há sempre aquele apelo ao caos quando algo de impactante acontece e é noticiada na imprensa, o que acaba por açodar a curiosidade das pessoas pela manchete mais que pelo conteúdo em si. Isto é reflexo do “fenômeno do espetáculo” que tomou conta da imprensa nacional e mundial, pois busca o holofote pelo holofote desprezando a verdade dos acontecimentos em nome do aplauso efêmero (representado pelos likes e compartilhamentos da era digital).

Nesta semana o Procurador Geral da República, Paulo Gonet, pediu ao STF a condenação do deputados Josimar do Maranhãozinho (PL-MA), Pastor Gildenemyr (PL-MA) e o suplente Bosco Costa (PL-SE) por organização criminosa e corrupção passiva. Todos são acusados de envolvimento em um esquema de desvio de recursos oriundos de emendas parlamentares. O pedido foi feito durante as alegações finais apresentadas no processo que corre na Primeira Turma do STF. Vale lembrar que em março deste ano os ministros da Primeira Turma decidiram por unanimidade tornar réus estes mesmos parlamentares.

Segundo o PGR, o deputado federal Josimar do Maranhãozinho era o líder do grupo, que coordenava e controlando o uso das emendas indicadas por ele e seus colegas parlamentares e realizar os pagamentos aos mesmos. O grupo estava ordenado estruturalmente e com divisão de tarefas. Gonet afirma ainda que o grupo teria solicitado R$ 1,66 milhão em propina ao então prefeito de São José de Ribamar (MA) como contrapartida pela destinação de R$ 6,67 milhões em emendas de saúde ao município. Além disso, o PGR confirma que diálogos, transferências bancárias e demais documentos analisados constituem elementos comprobatórios de formação de uma rede estruturada para “a destinação de emendas parlamentares a municípios em troca de propina”.

Agora os réus tem prazo de 15 dias para se manifestarem e depois disso o relator do caso (ministro Cristiano Zanin) pode liberar o processo para julgamento na Primeira Turma da Corte, cuja data ainda não foi marcada. Os acusados, por óbvio, negam categoricamente as acusações definindo-as como frágeis, desfundamentadas, ilegais e baseadas em hipóteses e conjecturas.

É sabido que as emendas parlamentares perderam o objetivo nobre de sua criação e se tornaram o maior instrumento de negócio político do Brasil. Salvo raras exceções, parlamentares entenderam que mais que promover políticas públicas as emendas constituem também uma ferramenta de propaganda eleitoral financiada pelos cofres públicos. Ademais, como no Brasil todo mundo quer tirar vantagem de tudo, fica fácil usar emendas parlamentares para fazer capital político, assim como fazer os bolsos dos parlamentares via propinas. É um mecanismo viciado e perverso que parece ter se incorporado à cultura política nacional. Uma vergonha absurda!

Esse fatídico acontecimento surge como uma cartada fulcral que pode complicar o caminho de reeleição dos acusados, pois cria uma mancha terrível de corrupção em suas imagens. Isto reverbera por si só não apenas nos parlamentares acusados, sobretudo Josimar que tem força política e conta com grande número de prefeituras ao seu lado, mas também em aliados políticos que dividem palanque e andam de mãos dadas com os mesmos e para o PL-MA que comporta a Direita maranhense militante bolsonarista. Pior, ganha força quando utilizado pelos adversários políticos, que vão celebrar este episódio alimentando a máquina de ataque de reputação até corroer os ossos dos réus parlamentares, de forma a eliminar os nomes dos parlamentares da corrida eleitoral e fisgar seus eleitores para si.

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