Maranhão

Senador Weverton é o retrato vexatório da classe política maranhense e nacional

O senador maranhense Weverton Rocha vai se consagrando como um quadro político de péssima reputação em virtude de seu envolvimento nos recentes escândalos de corrupção no INSS, o que complica ainda mais suas expectativas de reeleição em 2026

A Operação Sem Desconto da Polícia Federal segue como destaque dos noticiários recentes do país, pois trata da fraude bilionária no INSS. Essa semana o alvo da operação atingiu nomes de grande impacto da política que abalou fortemente as estruturas do Executivo federal e os bastidores da política nacional. Na esteira das investigações sobre o tal “Careca do INSS” a Polícia Federal cumpriu 52 mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira (18), em que prendeu Adroaldo Portal, considerado o número 2 da Previdência Social, Romeu Antunes, filho de Antônio Camilo Antunes – que atuou como sucessor no esquema após prisão do pai, segundo a Polícia Federal.

Figura também entre os “felizardos” com a visita das autoridades policiais o senador Weverton Rocha (PDT-MA). Weverton é vice-líder do governo Lula e também relator de pautas importantes no Senado (como a indicação de Jorge Messias para o STF e a revisão da Lei do Impeachment). O senador pelo Maranhão é apontado como sócio oculto de Antônio Carlos Camilo Antunes, segundo a Polícia Federal, principal operador do esquema criminoso de descontos indevidos nos contracheques de aposentados e pensionistas. Uma planilha foi apreendida na primeira fase da Operação Sem Desconto, em 23 de abril, no celular do contador das empresas do Careca do INSS (Alexandre Caetano, que também foi preso na busca e apreensão de quinta-feira) é um forte indício dessa ligação de Weverton com a fraude no INSS. A planilha lista diversas empresas sob o título “Grupo Senador Weverton”, o que para a PF revela-se peça fundamental para mapear a estrutura financeira associada ao esquema.

Em nota divulgada o senador maranhense disse que “recebeu com surpresa a busca na sua residência” em Brasília e que “com serenidade se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral à decisão”. Era de se esperar tal declaração, até porque não há nada mais clichê que uma negativa minimalista travestida de austeridade para sensibilizar a opinião pública e fazer-se vítima de alguma coisa. A Polícia Federal pediu prisão do senador Weverton Rocha, o descrevendo em relatório como liderança e sustentáculo político da organização criminosa, ampliando a capacidade de influência e de blindagem das atividades empresariais e financeiras do “Careca do INSS”. Apesar disto, o pedido de prisão foi negado pelo ministro André Mendonça que concordou com o parecer da PGR que considera que ainda não há prova direta de que Weverton tenha recebido dinheiro ou tenha comandado o esquema.

O senador alçou o status de figura jocosa da política maranhense, possuidor de um prestígio bastante questionável como parlamentar. Não é de hoje que “Meu preto” (ou “Maragato”) estampa negativamente os noticiários policiais, uma vez que seu nome sempre anda associado a escândalos de corrupção desde quando era secretário estadual de esporte e juventude, durante a gestão do governador Jackson Lago, sendo investigado por conta de contratações sem licitação no âmbito do programa Projovem Urbano. Apesar da absolvição pelo STF neste caso (entendendo que não houve dolo ou prejuízo ao erário), sua imagem pública ficou manchada.

Em 2017, quando deputado federal, Weverton foi réu no STF por violação à lei de licitações e peculato em virtude de contratação de empreiteira e de dispensa de licitação para a reforma do ginásio Costa Rodrigues, na capital no Maranhão. O caso foi posteriormente encaminhado para a justiça estadual, pois a Suprema Corte afastou-se da competência desta ação, e em 2022 o Tribunal de Justiça do Maranhão encerrou a ação penal e não houve julgamento. Porém, o caso poderá ser retomado caso a investigação seja reiniciada.

Há o caso na Operação Odoacro, que investiga lavagem de dinheiro e uso indevido de verbas públicas, onde o senador teria destinado o valor de R$ 34 milhões em emendas individuais para execução de obras pelas empresas Construservice Empreendimentos e Pentágono Comércio e Engenharia (ambas investigadas pela PF). Weverton responde também a três ações cíveis por improbidade administrativa, além do fato de ter seu nome envolvido da fraude bilionária do INSS, em que teria compartilhado um jatinho de R$ 2,8 milhões ao lobista Antônio Carlos Camilo Antunes (o “careca” do INSS, principal responsável pela fraude). Pra piorar Weverton, vulgo “Meu preto”, ainda foi destaque nacional por conta da compra de uma fazenda no Maranhão adquirida pela bagatela de R$ 15 milhões, desprezando a avalanche de acusações e investigações criminais que caem sobre seu nome.

Enfim, esta situação toda envolvendo Weverton Rocha é entendida por muitos como exemplo da grande falência de representatividade que toma conta de nossa classe política. O senador pedetista não está sozinho nessa seara constrangedora de quadros políticos que decoram as páginas policiais figurando como alvo de investigações e escândalos de corrupção. São estes tipos que vociferam em favor dos mais pobres, exalando um chauvinismo ideológico demagógico como se fossem autênticos cavaleiros da ordem democrática e do combate as mazelas que martirizam a população. São filhos da hipocrisia fisiológica que parasita há anos nossa história republicana, que resgata a vileza populista do coronelismo do século passado dando-lhe nova roupagem de estadismo moderno e, assim, alimentar o perverso mecanismo eleitoreiro que corrói nossa sociedade.

Já passou do tempo da aposentadoria compulsória de figuras como Weverton Rocha. Estamos na era digital onde as notícias não são mais mitigadas e manipuladas para se venderem como realidade. Todos podemos filtrar o volume de informações que recebemos e comprová-las com os fatos reais, de forma a estabelecer os fundamentos conclusivos do que é verdade ou não. Fato é que 2026 será um ano decisivo não apenas para a dicotomia ideológica que disputa a política atual, mas especialmente para que a população conheça mais sobre seus candidatos, sua história, suas contribuições, suas realizações e posicionamentos em favor da saúde social e, assim, quem sabe podemos renovar o quadro representativo de nosso Parlamento e que busque um rumo de desenvolvimento real para o Maranhão e para o Brasil.

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