
O presidente estadunidense Donald Trump anunciou a aplicação de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos brasileiros, insinuando uma sanção contra atitudes das instituições brasileiras pelo julgamento de Jair Bolsonaro e sua derrota nas eleições de 2022. As taxas entrarão em vigor no dia 1º de agosto.
O gesto é inédito na relação entre os dois países e, nem no regime militar, medidas comerciais foram adotadas contra o Brasil por conta dos abusos de direitos humanos, tortura e desmonte da democracia.
“Devido, em parte, aos ataques insidiosos do Brasil às eleições livres e aos direitos fundamentais de liberdade de expressão dos americanos (conforme ilustrado recentemente pela Suprema Corte do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e INJUSTAS para plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de até R$ 1 milhão e expulsão do mercado brasileiro de mídia social), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todo e qualquer produto brasileiro enviado para os Estados Unidos, além de todas as tarifas setoriais”, disse Trump em carta enviada para o presidente Lula nesta quarta-feira e postada das redes sociais.
Segundo ele, os bens que tentarem “evadir” a taxa, usando mercados terceiros, serão alvos de taxas ainda maiores.
A elevação de tarifas usando motivos políticos é proibido pelo direito comercial internacional. Mas, diante do desmonte da OMC (Organização Mundial do Comércio), o Brasil não terá como agir nos tribunais da entidade para reverter a medida.
Horas antes do anúncio, feito por meio de uma carta ao governo brasileiro, Trump havia sinalizado que o Brasil seria um dos afetados.
Num evento com presidentes africanos, ele criticou o tratamento dado pelo Brasil aos produtos americanos e, ainda que a pergunta não se referisse ao país, ele fez questão de destacar sua insatisfação com o governo Lula.

“O Brasil, por exemplo, não tem sido bom para nós, nada bom”, disse. Trump explicou que as tarifas estão sendo calculadas a partir de “dados” e do histórico do comércio nos últimos anos. Hoje, os americanos contam com um saldo positivo na balança comercial com o Brasil.
Desde segunda-feira, Trump tem disparado cartas a pelo menos 25 governos de todo o mundo, depois de três meses de prazo estabelecido por ele para que acordos pudessem ser fechados. A promessa, porém, de 90 acordos em 90 dias fracassou e a Casa Branca adiou para agosto a aplicação das novas tarifas.
No caso do Brasil, a taxa anunciada em 2 de abril – de 10% – era a mais baixa entre todas as mais de 180 economias que foram alvo de barreiras de Trump. O país, porém, sofre taxas de 50% sobre o aço.
UOL