
O governo federal articula um empréstimo de R$ 20 bilhões para socorrer os Correios, que enfrentam prejuízos recordes e risco de colapso operacional. A operação, ainda em fase de negociação, envolverá o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e instituições privadas, com respaldo do Tesouro Nacional.
Segundo fontes da equipe econômica, a meta é garantir o funcionamento da estatal até 2027 e viabilizar um plano de reestruturação que prevê demissões voluntárias, ajustes no plano de saúde, renegociação de dívidas e revisão de contratos.
Estrutura do empréstimo
Os Correios estimam necessidade de R$ 10 bilhões em 2025 e mais R$ 10 bilhões em 2026. Esses recursos devem reforçar o capital de giro e financiar ações do plano de recuperação.
Ainda há possibilidade de aporte adicional do Tesouro, dependendo da situação fiscal e das condições de crédito.
A reunião que definiu os parâmetros da operação ocorreu na quinta-feira (9), com a presença dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Frederico de Siqueira Filho (Comunicações), além de representantes do Tesouro Nacional, da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), do Banco do Brasil e da Caixa.
Além dos bancos públicos, também participam das tratativas BTG Pactual, Citibank e ABC Brasil, que já figuram como credores da estatal.
Crise e nova gestão
A crise financeira da empresa se agravou em 2025, após o balanço do segundo trimestre registrar prejuízo de R$ 2,5 bilhões, quase cinco vezes o valor do mesmo período de 2024.
No acumulado do primeiro semestre, o rombo ultrapassou R$ 4,3 bilhões, ante R$ 1,35 bilhão no ano anterior.
A situação crítica levou à nomeação de Emmanoel Schmidt Rondon, servidor de carreira do Banco do Brasil, como novo presidente dos Correios. Ele foi encarregado de conduzir o plano de reestruturação e renegociar dívidas com credores.
Logo ao assumir, Rondon renegociou um empréstimo de R$ 1,8 bilhão firmado com BTG, Citibank e ABC Brasil. O contrato, que previa pagamento em seis parcelas a partir de 2026, teve cláusulas antecipadas após o aumento de custos judiciais da estatal.
Plano de reestruturação
O plano prevê:
- Programa de Demissão Voluntária (PDV) para reduzir a folha de pagamento;
- Renegociação de dívidas e revisão de contratos com fornecedores;
- Revisão do plano de saúde dos funcionários;
- Investimentos em tecnologia e logística;
- Busca por novas fontes de receita, incluindo parcerias com o setor privado.
Hoje, os custos fixos anuais dos Correios giram entre R$ 20 bilhões e R$ 25 bilhões, o que pressiona as contas da empresa em períodos de queda na receita.
A expectativa do governo é que o pacote de medidas permita estabilizar as contas até 2027, com a estatal voltando a gerar superávit a partir de 2028.
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