A falência do Poder Público diante do levante do crime organizado que atua como governo paralelo no Nordeste
As facções criminosas ampliaram seu domínio territorial ao longo dos anos expondo o fracasso das políticas de segurança pública brasileiro

A segurança pública é sem dúvidas um dos elementos mais preciosos de uma sociedade livre. No entanto, nosso país tem mostrado uma realidade amarga para todos nós, pois há anos testemunhamos o avanço do domínio territorial do crime organizado em várias cidades do país sem qualquer medida contrária do Poder Público.
A região Nordeste é a mais castigada pelas investidas das facções criminosas no país, e que sofre calada os dissabores que a incompetência administrativa e a negligência política geram para a comunidade, sobretudo para os mais pobres. A audácia das facções estendeu-se a ponto de se transformarem numa espécie de “estado paralelo” com dinâmica, gerenciamento e leis próprias, assumindo o papel dos três Poderes da república, onde vale o império da violência.
Por exemplo, em Fortaleza-CE moradores do bairro José Alencar tiveram os muros de suas casas e de um condomínio habitacional pichados com ameaças de morte explícitas das facções dominantes da localidade, ordenando que as famílias deixem suas moradias em até 24 horas. O clima é de pânico total na região.
No distrito de Uiraponga, no município de Morada Nova-CE, também é mais uma cidade que entra para vergonhosa estatística de localidades vítimas do terror das facções criminosas que atuam no Nordeste. O distrito encontra-se com a maioria das residências abandonadas por seus moradores por causa das disputas por domínio do mercado de entorpecentes que resultam em cenas brutais e terrivelmente sanguinárias. Com medo, somado a certeza de inoperância da segurança pública do estado, várias famílias deixaram suas moradias temendo represálias das facções.
Em nota a Secretaria de Segurança Pública do Ceará informou que a Polícia Civil segue investigando as ameaças e convida a população a colaborar com informações úteis que ajudem nas investigações, assegurando o sigilo e anonimato dos denunciantes.
Na terça-feira, 26 de agosto, em São Luís-MA mais uma barbárie ceifou a vida de um trabalhador. Um motorista de aplicativo foi assassinado durante sua jornada de trabalho e seu corpo abandonado na região conhecida como Península do Ipase, no bairro Bequimão. O caso é mais um capítulo do estado caótico de nossa sociedade que sangra com a atuação impune de facções criminosas nos bairros de várias cidades do Nordeste, como também, e mais importante, da falta de políticas públicas de segurança eficientes.
Em meio a este contexto É preciso também denunciar os “amostradinhos” de plantão que usam o momento para capitalizar sua imagem de “bom samaritano”. Estes já correm para as tribunas, púlpitos e redes sociais para vender a hipocrisia travestida de compadecimento, mas que na verdade promovem a espetacularização da tragédia. Nada mais asqueroso!
Não se pode prosperar sem assegurar que os principais pilares de estabilidade e de desenvolvimento de um estado como o Brasil estejam em funcionamento, pois isso garante a civilidade pública, a confiança na Justiça e a credibilidade na classe política que cria as leis que fundamentam o equilíbrio necessário para a existência de um estado democrático de direito seguro e pujante.
É hora de nossos governantes e legisladores atuarem de forma mais enérgica e criar novas medidas de atuação contra as facções criminosas, criando uma política de segurança pública mais eficiente, seja com mais severidade das leis e nas punições, seja com maior contingente policial e investimento nas nossas corporações para que os resultados cheguem…e com urgência.