Política

Alvo da CPMI alugou mansão do ‘jardim milionário’ de Camisotti

Gastança do advogado Nelson Wilians motivou pedidos de prisão da CPMI do INSS ao STF

A mansão que ganhou um jardim de R$ 22 milhões do empresário Maurício Camisotti, preso por suspeita de roubar aposentados e pensionistas do INSS, teve renovado por mais de R$ 196,2 mil reais o aluguel, pago pelo advogado Nelson Wilians Fratoni Rodrigues, também investigado pelo esquema. Esta pequena fortuna mensal é parte das suspeitas que levaram a Polícia Federal, no mês passado, a buscar provas de crimes estimados em R$ 6,3 bilhões contra brasileiros beneficiários da Previdência.

Ao menos até junho desde ano, Wilians pagava exatos R$ 196.292,00 mensais para seguir morando de aluguel na mansão de número 371 da Rua Alemanha, no bairro Jardim América, em São Paulo. O Diário do Poder teve acesso ao primeiro aditivo do contrato de aluguel do palacete, firmado em junho de 2022, prorrogando por mais três anos o compromisso mensal de quase 130 vezes o valor do salário mínimo atual.

O contrato junto à empresa BRAEMP – Brasil Empreendimentos e Participações LTDA foi firmado em junho de 2017. E seu primeiro aditivo venceu há quatro meses.

Investigadores do esquema que roubou bilhões de reais dos beneficiários da Previdência Social apontam a compra da mansão milionária por Camisotti, para virar jardim de uma casa alugada por Nelson Wilians como um dos graves indícios de suposto crime de lavagem de dinheiro.

Bilhões sob suspeita

Além de repasses de R$ 15,5 milhões de Wilians para Camisotti, entre 2016 e 2022, as transações imobiliárias suspeitas de lavagem de dinheiro aliaram-se aos registros do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) de R$ 4,3 bilhões movimentados por Nelson Wilians, entre 2019 e 2024, para levar a PF a pedir sua prisão preventiva. Pedido que foi negado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça.

Mas a prisão voltou a ser pleiteada pela CPMI do INSS, após o advogado se tornar investigado, ao depor como testemunha à comissão de inquérito do Congresso Nacional. Wilians depôs protegido por habeas corpus preventivo do STF para ficar calado, mas negou o envolvimento nos crimes em raras falas diante de perguntas de senadores e deputados, em 18 de setembro.

Segundo a PF, Nelson Wilians movimentou R$4,3 bilhões em operações suspeitas. (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado).

Diário do Poder fez contato com o advogado de Nelson Wilians, Santiago Schunck, na tentativa de obter um posicionamento sobre como o investigado sobre como ele justifica pagar mais de R$ 196 mil mensais de aluguel da mansão, cujo terreno foi ampliado com a compra e demolição de um palacete vizinho. Também foi questionada qual a relação de Nelson Wilians com Camisotti, nesta transação imobiliária; qual a origem dos recursos para custear um aluguel desta monta; bem como se este grande volume movimentado, incluindo os R$ 4,3 bilhões registrados pelo COAF, têm relação com descontos associativos em aposentadorias e pensões do INSS.

Santiago respondeu que não conseguiu contato com seu cliente. E o espaço segue aberto para eventuais esclarecimentos.

Diário do Poder

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