Tarifaço deve cortar empregos, subir os preços e dificultar o crédito

Os grandes exportadores brasileiros não serão os únicos a perder dinheiro com o tarifaço de 50% que os Estados Unidos impuseram ao Brasil esta semana, e que começa a valer no dia 1º de agosto. Se o governo Lula (PT) não entrar em acordo para cancelar a sobretaxa e ainda tarifar a importação de produtos americanos, o desemprego vai aumentar, e os consumidores terão de lidar com o aumento de preços no supermercado e com a dificuldade em parcelar suas compras.
Preços vão subir
Comida vai ficar mais barata por pouco tempo. Embora a oferta de alguns alimentos no Brasil deva aumentar com a redução das exportações para os EUA, o preço não vai cair por muito tempo. “Carne de boi, de frango, de porco, café e suco de laranja vão ter um excedente de curto prazo no mercado brasileiro, já que os empresários vão trabalhar para redirecionar essa produção para outros lugares”, diz o economista Jorge Ferreira dos Santos Filho, professor de Administração da ESPM. “O preço baixo dos alimentos será de curto prazo.”
“Pode até ser que sobre mais comida se deixar de exportar e, com isso, tenha, indiretamente, uma redução, mas acredito que será muito pequena.”
Mary Elbe Queiroz, tributarista
Inflação geral vai subir se o Brasil também taxar produtos americanos. “Pode haver pressão inflacionária em setores como o de componentes eletrônicos e tudo o que envolve tecnologia. Essa situação influencia a indústria automotiva e o agronegócio”, diz Elias Menegale, tributarista do Paschoini Advogados.
“Temos alguma dependência nas áreas médica, química, eletrônica e farmacológica, sem substituição fácil e sem que o Brasil tenha condições de produzir em pouco tempo.”
Dieese, em nota
Inflação já estourou a meta. O IPCA (índice oficial da inflação no Brasil), acumulou alta de 5,35% nos 12 meses até junho, ficando acima da meta de 3% e também do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (mínimo) a 4,5% (máximo).
Desemprego à vista
Se inflação aumenta, o consumo também cai. “Se reduz o consumo, é um efeito cascata: as vendas caem, as empresas vendem menos e a produção diminui”, diz a tributarista Mary Elbe Queiroz, presidente do Cenapret (Centro Nacional para a Prevenção e Resolução de Conflitos Tributários). “Não podemos quantificar, mas pode afetar o emprego.”
UOL