O drama universitário da cultura do sucateamento
Alunos denunciam a falta de estrutura, equipamentos sucateados e o déficit de professores que prejudicam o ensino e a conclusão dos cursos

A tragédia educacional brasileira segue sua sina de descaso e sucateamento há tempos. Para alguns já é parte de uma cultura negligente que prejudica a formação de nossos profissionais, mas para outros é apenas consequência da falta de percepção ou responsabilidade de nossos gestores. De qualquer forma, fato é que temos um problema muito sério, cuja solução parece incerta.
Um exemplo é a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) que padece da situação crítica de falta de recursos que impedem o funcionamento pelo menos razoável de ensino, pesquisa e extensão. Alunos dos cursos de Design e Psicologia denunciam a falta de professores e o estado precário da estrutura dos cursos de graduação. Estes cursos são os que enfrentam as maiores dificuldades para manter suas aulas práticas e teóricas.
A precariedade está nos laboratórios sem materiais adequados, salas e oficinas com cadeiras quebradas, mesas danificadas e equipamentos parados sofrendo com a ação do tempo. Além disso, há déficit de professores, materiais de ensino, enfim, tudo isso compromete dinâmica do ensino e prejudica a qualidade da formação e atrasa a conclusão da graduação. No curso de Design foi denunciado que projetos são desenvolvidos em espaços improvisados, já que o prédio não oferece condições adequadas.
A UFMA se pronunciou sobre o assunto através de nota publicada em que informa que as vagas de professores são definidas pelo Ministério da Educação (MEC), que há um processo seletivo em andamento para preencher cargos e que a instituição passa por obras de modernização. Mas pelo visto estas obras não alcançam alguns dos cursos atingidos com o flagelo da precarização e do sucateamento que passam no cotidiano.
É sabido que além da verba orçamentária da União, as universidades públicas também são beneficiadas por PPP (Parcerias Público-Privadas) e emendas parlamentares. É preciso saber se as verbas recebidas por estas universidades são suficientes ou se há de fato um problema de gestão que não consegue fornecer devidamente condições mínimas para uma formação superior. É uma realidade cruel que não pode ficar esperando “ventos de mudança” política ou ajuda messiânica que resolva tudo num estalar de dedos.
A consequência está estampada todos os dias para nós, quando vemos uma geração de graduados que não sabem interpretar textos básicos, que não conseguem resolver problemas simples e que tem dificuldade de estabelecer parâmetros lógicos de entendimento. As universidades hoje formam cerca de 50% de analfabetos funcionais, o que parece agradar uma parcela significativa da classe política, afinal de contas pra estes políticos é mais importante ampliar o curral eleitoral que os mantenha no Poder do que produzir mentes de excelência que possam desenvolver melhorias para a realidade do país.