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O Novo Bond da Aviação nos EUA: Pedido Bilionário Promete Mudar o Setor de Luxo

A BOND colocará Bill Papariella em competição direta com os três principais players do setor, NetJets, Flexjet, da Flexjet Inc., e VistaJet

O nome é BOND, mas não James Bond e, ousadamente, está todo em letras maiúsculas. BOND é o cliente misterioso por trás do pedido firme de US$ 1,7 bilhão (R$ 9,27 bilhões) feito em junho para 50 jatos particulares da Bombardier, com opção de compra de mais 70 unidades.

No total, o acordo pode chegar a US$ 4 bilhões (R$ 21,8 bilhões). Mais surpreendente ainda, o comprador não é da Arábia Saudita nem de alguma terra distante, como muitos esperavam. Na verdade, este Bond é americano. O ex-CEO da Jet Edge, Bill Papariella, está de volta com financiamento de seu antigo parceiro, o KKR. A notícia é significativa em vários sentidos.

Primeiro, marca o retorno de Papariella. Em um mercado em que muitas vezes parece haver mais fracassos do que histórias de sucesso, ele transformou a operadora de voos fretados Jet Edge, sediada em Los Angeles, em uma das maiores do setor, antes de vendê-la ao grupo Vista Global, em 2022, por um valor estimado em US$ 650 milhões (R$ 3,54 bilhões).

O anúncio reúne novamente Papariella e o KKR, que liderou US$ 320 milhões (R$ 1,74 bilhão) em financiamento via participação preferencial e dívida para o novo empreendimento.

O KKR teve papel semelhante ao ajudar a impulsionar a Jet Edge anteriormente. Isso também pode sinalizar uma nova abordagem para enfrentar os líderes de mercado. Enquanto startups fracionárias recentes como Jet It e Volato vinham atacando o mercado pela base, utilizando jatos muito leves, Bond mira o público mais rico, de maior prestígio e com maior poder de gasto, oferecendo apenas jatos supermédios e de alcance ultralongo.

O novo cliente
Assim como o “homem internacional de mistério”, a identidade desse comprador da Bombardier foi mantida sob rigoroso sigilo. Entretanto, o nome da empresa já revela o público-alvo: Seu slogan é “your world is our BOND” (“seu mundo é o nosso vínculo”). Ao ser questionado sobre o nome, Papariella afirmou que “somos o elo entre pessoas e lugares. O elo entre nossa empresa, como prestadora de serviços, e nossos clientes. Laços que criamos por meio da comunidade única que estamos construindo.”

A BOND colocará Papariella em competição direta com os três principais players do setor, NetJets (do conglomerado Berkshire Hathaway), Flexjet, da Flexjet Inc., e VistaJet, da Vista Global. A empresa buscará atrair os clientes mais exclusivos, incluindo departamentos corporativos de aviação que precisem de capacidade suplementar de voo. Diferente da maioria dos programas, a BOND está dispensando jatos leves e médios, começando com o Challenger 3500 (supermédio) e os Global 6500 e Global 8000 (ultralongo alcance).

Até 2028, a empresa terá aeronaves baseadas na Europa para atender seus clientes dos Estados Unidos. Toda a frota contará com comissários de bordo, um diferencial que muitas operadoras oferecem apenas em jatos grandes. O conforto da cabine e as capacidades operacionais dessas aeronaves atrairão clientes que buscam cabines amplas, para ficar em pé, e a possibilidade de voar sem escalas de costa a costa ou ao redor do mundo.

Os interiores contarão com recursos antirruído, cozinhas com piso de pedra, além de banheiros e superfícies refinadas. Papariella compara a proposta da Bond à rede de hotéis Aman: “Existem hotéis cinco estrelas com 50 quartos e hotéis cinco estrelas com 350 quartos. Nós somos como o Aman, o hotel de 50 quartos.”

Exclusividade
Al Whyte, editor da Corporate Jet Investor, diz acreditar que o aspecto mais interessante da proposta será a capacidade dos clientes de financiar o programa e o acordo de serviços da Bond com a Bombardier.

A advogada especializada em aviação Amanda Applegate também demonstrou entusiasmo. “Há tempos acredito que existia uma oportunidade para um programa fracionário nesse segmento, e gosto do fato de eles limitarem o número de cotas por aeronave e, principalmente, de não venderem jet cards.”

Cada aeronave terá no máximo 10 proprietários, e a BOND promete capacidade de reserva adicional para aumentar a confiabilidade e aeronaves pré-posicionadas para atender melhor aos períodos de pico. Os detalhes da oferta fracionária devem ser divulgados ainda este ano, e o primeiro voo está previsto para 2027.

Em comunicado oficial, Papariella declarou que criaram a Bond para cumprir a promessa do que a aviação privada sempre deveria ser, personalizada, previsível e com níveis excepcionais de serviço. “Não estamos construindo para escalar. Estamos construindo para um grupo seleto que espera perfeição no serviço a cada voo.”

Patrick Clancy, diretor do KKR, acrescentou: “Acreditamos que a BOND representa a próxima evolução da aviação privada, um modelo que prioriza qualidade, serviço e eficiência em vez de escala. O histórico comprovado desta equipe, aliado à força da colaboração com a Bombardier, coloca a BOND em posição de estabelecer um novo padrão para viagens privadas de alto padrão.”

Até setembro, o WingX relatou que as decolagens de jatos particulares no mundo estavam 2% acima dos níveis recordes de 2022 e 33% acima dos de 2019, antes de a pandemia atrair novos clientes para a aviação privada. De acordo com o serviço de rastreamento de voos, a propriedade fracionária é o segmento que mais cresce no mercado.

Revista Forbes

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