‘Pilha de entulhos’: palestinos descrevem destruição ao voltar para casa

Mais de meio milhão de pessoas retornaram a Gaza apenas neste sábado após a declaração do fim da guerra entre Israel e Hamas. Enquanto alguns demonstram felicidade ao voltar para sua terra, outros sofrem com o cenário que encontram por lá após dois anos de conflitos.
O que aconteceu
Com o cessar-fogo decretado na sexta-feira, palestinos começaram a voltar às suas casas. “É um sentimento indescritível, louvado seja Deus”, disse Nabila Basal à Reuters, enquanto viajava a pé com sua filha. Segundo ela, a menina havia sofrido um ferimento na cabeça durante os confrontos. “Estamos muito felizes pelo fato de a guerra ter parado e o sofrimento ter acabado”, afirmou.
Muitos estavam com medo do que encontrariam ao chegar em casa. Um palestino chamado Salmi disse à AFP que ele e sua família caminharam por horas e que, a cada passo, o medo e a ansiedade sobre o que veriam só aumentavam.
Memórias e casas sumiram após dois anos de conflito. Saher Abu al-Atta, uma palestina que retornava para casa, chegou ao seu bairro, Al-Rimal, e ficou desesperada com o que encontrou. “Não existe mais, é uma pilha de entulho”, disse entre lágrimas, ao jornal inglês “The Guardian”. De acordo com ela, as imagens falavam mais do que palavras: “É destruição, destruição e destruição”.
“Não parece que estamos de volta à cidade”. Manal Muftah, 33, perdeu tudo, segundo o jornal americano “The New York Times”. Muftah tinha uma padaria antes da guerra e está planejando reconstruir seu negócio em sua cidade natal. Contudo, ela acredita que serão necessários anos para que Gaza volte a ser o que um dia foi.
Poucas semanas foram suficientes para aumentar ainda mais a destruição. Maisoun Wadi, 36, disse que não sentia nada ao olhar para os escombros de sua casa, sentada na sarjeta, do outro lado da rua. “Nem tristeza, nem alegria. Só um vazio. Não tenho mais casa, vou amarrar essa coberta em alguns postes para termos um teto”, contou ao “The New York Times”. Sua maior preocupação é sobreviver, ter acesso à água e a um lugar para se abrigar.
UOL/AFP/Reuters